quinta-feira, 10 de abril de 2014

Olha o "rapa"



Reprodução: Blog Simão Pessoa

Na correria, quase todos os dias saio de casa sem tomar pelo menos um cafezinho, aí não dá em outra, fico um pouco de mau humor e louca para chegar na porta da faculdade para fazer um lanchinho.

Hoje não foi diferente, era bem cedo, ônibus lotado e um pouco atrasada para a aula. Antes de chegar no metrô senti uma pequena dorzinha no estômago, era fome.

Quando cheguei na calçada da faculdade apertei o passo em direção ao camelô que vende lanches "naturais". São dois irmãos com cara de indianos, eles ficam bem no meio da calçada e vendem lanches na baguete nos sabores de frango, presunto e queijo e salame, tem também suco de goiaba, laranja e maracujá, que ficam dentro de uma caixa de isopor, cheia de gelo pingando no chão e fazendo aquela lambança.

O preço é bom, um kit de suco e baguete sai por apenas R$ 7,50 e o negócio é tão bem elaborado que aceita, débito, crédito, vale-refeição e passe de ônibus.

Mas meus planos de adquirir nessa manhã aquele lanchinho e acabar de vez com a minha fome foram por água abaixo.

Ao som de Muse, estava subindo a rua e ao mesmo tempo futucando a bolsa para encontrar minha carteira e de longe avistei os irmãos com cara de preocupados. Quando faltavam apenas alguns passos para finalmente eu me aproximar deles escuto um grito:

-OLHAAAA O RAPAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Do nada vi Trident voando, gelo rolando no chão, uma galera correndo, dois policiais descendo a rua com um baita sorriso na cara e passos pesados imitando o RoboCop.

Na hora pensei:
- Corro atrás dos irmãos da baguete para a última venda deles do dia, ou finjo que essa fome não está aqui e subo pra aula?

As pernas deles eram tão rápidas que a minha preguiça preferiu dar um chamego na minha fome e serem felizes até a hora do almoço.

Realmente o lanche ficou na saudade, os irmãos perderam uma venda de R$7,50.

E os policias?
Há eles levaram um kit baguete e suco de graça pra casa.

Talvez amanhã não tenha "rapa" e eu consiga finalmente me deliciar de frango com maionese num pedaço de pão murcho.

Fim. - VR

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Esperando na janela

Reprodução: Google Imagens
Ela tinha os cabelos compridos, um olhar hipnotizante e uma expressão corporal que falava mais do que qualquer frase.
Deitada na cama, ou sentada na janela, viajava pelo mundo e conseguia idealizar um homem de traços perfeitos, toque macio e totalmente encantador.
O céu estava limpo, cheio de estrelas e a Lua deixando o cenário mais do que perfeito.
Ao amanhecer a rotina batia à porta e a esperança que ela tinha não parava de crescer.
Um dia ele chegou, mas ao contrário do que se pensava, o olhar dela se entristeceu, porque ele só veio para roubar seu sorriso e sua paz.
A janela, a noite e o céu estavam ali, mas a Lua foi embora e as estrelas também. Em seus lugares uma forte chuva tomou conta de toda a beleza e esperança daquele coração.
Foram noites que ela chorou, até que o sorriso voltou em forma de amor e ali ficou por um tempo até ser tomado, mais uma vez, pela dona mentira e uma tal de infelicidade.
A impressão que ela tinha era que sua vida não passava de um teatro, cheio de fantasias e dramalhões.
Parecia que aquela Lua do céu estrelado decidiu de vez sumir.
Mas ela descobriu que o coração se regenera e ressurge das cinzas assim como uma Fênix. Ela descobriu que o amor não tem uma fórmula e nunca terá!
Sentou-se na janela e prometeu ficar ali até ver novamente a Lua e suas adoráveis estrelas voltar.
Como em um passe de mágica, o céu voltou a brilhar, o coração acelerar e a esperança crescer.
Do nada surge um homem de voz mansa, sorriso encantador, um jeitinho diferente de falar e uma graça que nenhum outro conseguiu te dar.
Mais uma vez ela está ali, envolvida no mistério que ele carrega, dominada por seu encanto, pronta para se jogar.
- E se cair mais uma vez? E se tiver que renascer de novo?
Que caia, que levante e que se torne mais uma vez... uma Fênix ! - VR

terça-feira, 1 de abril de 2014

Solidão abstrata


Hoje, decidi entrar no blog, fazer o login e deixar o coração usar minha mente e minhas mãos para escrever.
Hoje, não vai rolar nenhum dado estatístico, nenhuma história mirabolante do transporte público e muito menos as revoltas sem fim que sinto em relação ao nosso país.
Hoje, quero apenas deixar um sentimento falar, um sentimento que por muitas vezes fica aqui, mudo, quieto, guardado, dando sempre vez para a voz da verdade, de indignação ou de sempre ter a razão.
Hoje, quero ser eu, trabalhar o dia todo, chegar em casa tomar um banho e dormir.
Hoje, quero comemorar que mais um dia passou, eu sobrevivi e continuo na contagem regressiva para mais um final de semana.
Hoje, quero planejar onde vou curtir um rock roll no sábado, que roupa vou usar e quem vou convidar.
Hoje, quero acreditar que o amor é real, que a fidelidade pode sim existir e que Deus não dá um peso que eu não posso carregar.
Hoje, preciso pensar que amanhã vai ser melhor, que o salário pode aumentar e que uma boa notícia vai chegar.
Hoje, ontem, amanhã e depois?
Hoje, eu até posso saber, mas daqui a pouco quem é que vai dizer?
Hoje, eu sou assim, livre, leve, espontânea, que você ama ou odeia, mas o que me interessa? Você presta?
Hoje, o mundo pode cair pra mim, ser o melhor pra você e amanhã simplesmente dez "nego" morrer, por causa de uma guerra qualquer.
Hoje, sorri, chorei, gostei, odeie.
Hoje, só quero ser eu e você? -VR