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Reprodução: Blog Simão Pessoa |
Hoje não foi diferente, era bem cedo, ônibus lotado e um pouco atrasada para a aula. Antes de chegar no metrô senti uma pequena dorzinha no estômago, era fome.
Quando cheguei na calçada da faculdade apertei o passo em direção ao camelô que vende lanches "naturais". São dois irmãos com cara de indianos, eles ficam bem no meio da calçada e vendem lanches na baguete nos sabores de frango, presunto e queijo e salame, tem também suco de goiaba, laranja e maracujá, que ficam dentro de uma caixa de isopor, cheia de gelo pingando no chão e fazendo aquela lambança.
O preço é bom, um kit de suco e baguete sai por apenas R$ 7,50 e o negócio é tão bem elaborado que aceita, débito, crédito, vale-refeição e passe de ônibus.
Mas meus planos de adquirir nessa manhã aquele lanchinho e acabar de vez com a minha fome foram por água abaixo.
Ao som de Muse, estava subindo a rua e ao mesmo tempo futucando a bolsa para encontrar minha carteira e de longe avistei os irmãos com cara de preocupados. Quando faltavam apenas alguns passos para finalmente eu me aproximar deles escuto um grito:
-OLHAAAA O RAPAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
Do nada vi Trident voando, gelo rolando no chão, uma galera correndo, dois policiais descendo a rua com um baita sorriso na cara e passos pesados imitando o RoboCop.
Na hora pensei:
- Corro atrás dos irmãos da baguete para a última venda deles do dia, ou finjo que essa fome não está aqui e subo pra aula?
As pernas deles eram tão rápidas que a minha preguiça preferiu dar um chamego na minha fome e serem felizes até a hora do almoço.
Realmente o lanche ficou na saudade, os irmãos perderam uma venda de R$7,50.
E os policias?
Há eles levaram um kit baguete e suco de graça pra casa.
Talvez amanhã não tenha "rapa" e eu consiga finalmente me deliciar de frango com maionese num pedaço de pão murcho.
Fim. - VR